quinta-feira, 29 de julho de 2010

SBPC: Pesquisadora da UFMA apresenta método para recuperar mangues

A pesquissadora maranhense Flávia Mochel, professora do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mostrou seu método de recuperação de manguezais durante o simpósio, na última terça-feira, 27, na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece até amanhã (30) em Natal/RN.
Depois de quase 20 anos dedicados a Ciência básica que lhe renderam conhecimentos sobre a dinâmica dos manguezais, a pesquisadora que é doutora em Geociências, conseguiu desenvolver um processo mais rápido de recuperação dos mangues. Há três anos, ela aplica esse método em uma empresa do Maranhão, estado que possui 50% da extensão de manguezais do Brasil. Os Propágulos do mangue, que são sementes já germinadas, são coletados em áreas lamosas e alagadas. Em seguida, são cultivados em viveiros, onde recebem acompanhamento constante. Em alguns meses as plantas são devolvidas aos bosques de mangues.
São ecossistemas complexos e variados e dependem, também, da preservação de estuários, apicuns, planícies de marés, recifes de coral e praias, explicou a pesquisadora. Costa Os manguezais brasileiros estendem-se por 6.800 quilômetros da costa do país; são os mais desenvolvidos do mundo. Mas cada bosque de mangue funciona de forma diferente. Somente no Maranhão, existem sete espécies distintas de manguezal.
No momento em que o evento científico levanta discussões sobre Ciência do Mar, a pesquisadora alertou para a necessidade de preservação dos mangues, um dos responsáveis, por exemplo, pelo controle do fluxo de marés. A recuperação de manguezais degradados luta contra a preocupante informação de que os mangues estão sendo destruídos quatro vezes mais rápido do que as demais florestas do mundo. Os impactos ambientais advêm do desmatamento, canalizações, queimadas e barragens. As barragens, especialmente, tiram uma quantidade ou modificam a dinâmica de sedimentos que vêm para a zona costeira, dos quais os manguezais são dependentes.
Segundo a pesquisadora, esse ecossistema só consegue cumprir sua função de proteger a costa de problemas como a erosão, assoreamento, enchentes e ventos se houver a manutenção de densidade, espécies e uma faixa extensa de manguezal. Além dos bens e serviços ambientais, com a biodiversidade e o patrimônio genético, os manguezais têm um papel importantíssimo na dieta humana. Mais de 100 mil famílias maranhenses vivem do recurso do caranguejo. A perda desse patrimônio não é só uma perda ambiental, mais econômica, social e de proteção alimentar, concluiu a pesquisadora Para os pesquisadores, a recuperação desse ecossistema pode acontecer de várias formas, com a plantação de mudas e a preservação da fauna e da flora existentes. Mas o maior projeto em questão é a transformação do ambiente em Área de Proteção Permanente, de acordo com a Lei 4771/65.
Fontes: AGECOM/UFRN Jornal O Estado do Maranhão - matéria publicada na edição do dia 29 de julho de 2010
Revisão de texto: Carla Morais
Lugar: SBPC/NATAL-RN
Fonte: AGECOM/UFRNNotícia alterada em: 29/07/2010 15h52

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Manguezais do mundo retrocedem a taxa alarmante, indica estudo

Os manguezais da Terra estão sendo destruídos até quatro vezes mais rápido do que as outras florestas, causando milhões de dólares em prejuízo em áreas de pescaria e proteção contra enchentes, informou um relatório na quarta-feira.

O estudo encomendado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pelo The Nature Conservancy indicou que e eles continuam a ser destruídos a uma taxa de cerca de 0,7 por cento por ano por atividades tais como a construção civil e a criação de camarões.

O relatório do "Atlas Mundial de Manguezais" observou que os manguezais fornecem um enorme conjunto de serviços econômicos, agindo como berçários de peixes, armazenando carbono e proporcionando defesas poderosas contra enchentes e ciclones numa época de elevação do nível dos oceanos.

As árvores e arbustos, que crescem em habitats costeiros, também fornecem madeira resistente.

"Dado o valor deles, não pode haver justificativa para mais perda de manguezais", disse Emmanuel Ze Meka, diretor executivo da Organização Internacional de Madeiras Tropicais, que ajudou a financiar o relatório.

O relatório citou evidências de que os manguezais reduziram o impacto do tsunami no Oceano Índico de 2004 em alguns locais.

O documento pede mais ação dos países -- em especial aqueles com os maiores manguezais, como Brasil, Indonésia e Austrália - para deter a retração dos estimados 150 mil quilômetros quadrados de cobertura de manguezal em todo o mundo.

"Os maiores impulsionadores para a perda dos manguezais são a conversão direta aos usos da terra para aquacultura, agricultura e urbano. As zonas costeiras normalmente são densamente povoadas e a pressão para uso da terra é intensa."

O texto citou a Malásia como o país que usa manguezais de propriedade do Estado para controlá-los melhor e evitar o seu declínio.


Texto capturado do site:

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O AVANÇO DO MAR

Por: Gisela Cabral
Repórter do Correio Brasiliense
JC e-mail 4040, de 28 de Junho de 2010.
Pesquisa da USP revela que o nível do oceano no Brasil sobe 4 mm por ano. Índice é considerado alto e coloca em risco áreas litorâneas do paísNão há dúvida de que o nível do mar tem aumentado gradativamente no litoral brasileiro. A conclusão consta de estudo realizado pelo Laboratório de Marés e Processos Temporais Oceânicos (Maptolab) do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP).
O alerta significa que o país pode sofrer, no futuro, com uma das piores consequências do aquecimento global: a destruição de regiões inteiras localizadas próximo à costa.As informações obtidas pela equipe do laboratório mostram que o nível do mar vem aumentando cerca de 40cm por século, ou 4mm por ano. O dado surgiu a partir de medições realizadas em estações de pesquisa de Cananeia e de Ubatuba, ambas no litoral de São Paulo, e da análise de registros colhidos em portos do país entre 1957 e 1993. As possíveis consequências do fenômeno vão da perda da faixa de areia à destruição de cidades, passando por ressacas mais violentas e inúmeros outros transtornos.
A equipe coordenada pelo professor Afrânio Mesquita fez uso de equipamentos específicos, como o medidor de boia flutuadora, além de um radar. Na nossa avaliação, os dados são extremamente preocupantes. A variação do nível do mar detectada é simplesmente absurda, destaca Mesquita.Medições feitas na região de Cananeia, por exemplo, mostram um movimento de afundamento vertical da costa na ordem de 0,11cm por ano. Isso faz com que o nível do mar suba em relação à costa 0,38cm no mesmo período. "Essa variação ameaça as praias, talvez, de toda a costa brasileira", afirma Mesquita.
De acordo com a Marinha do Brasil, a elevação do nível do mar já afeta, direta ou indiretamente, as atividades costeiras. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, existem áreas que apresentam indícios claros de erosão, tais como Atafona, Barra do Furado, Macaé e até a praia do Leblon. Essas estariam mais vulneráveis à elevação do nível do mar, afirma Geraldo Nogueira, professor de marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha.MonitoramentoA Marinha participa do Programa de Sistema Global de Observação do Nível do Mar (Gloss, na sigla em inglês) com seis estações maregráficas (de medição das marés) permanentes. O período mínimo de observação para estimar tendências de variação do nível do oceano é de 50 anos.
Atualmente, no Brasil, apenas as estações maregráficas da Ilha Fiscal (RJ) e de Cananeia possuem observações com período acima de 50 anos, explica Nogueira. O professor acredita que, por ter uma costa muito extensa, o país deveria contar com uma rede de medição permanente, a fim de elaborar planos estratégicos de ocupação ou remoção de construções nas áreas onde a variação relativa do nível do mar for mais significativa.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é outra instituição brasileira participante do Gloss-Brasil, que compreende atividades relacionadas ao monitoramento do mar em águas jurisdicionais brasileiras.Entre os objetivos, está a implantação de rede permanente de monitoramento do nível do mar, geração de dados com qualidade científica que suportem análises de tendência de longo período, capacitação de pessoas para a produção e análise de informações sobre esse tema, entre outras atribuições, explica Milton Kampel, chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe.
A ferramenta básica de uma estação é o marégrafo, que registra a altura da água ao longo do tempo, utilizando diferentes sistemas. Para integrar a rede, os marégrafos devem estar de acordo com o Plano de Implementação do Gloss, destaca Kampel, lembrando que as estações Gloss também podem fazer medições de outros parâmetros meteorológicos e oceanográficos, como pressão atmosférica, temperatura do ar e da água, evaporação, direção e intensidade do vento.
O especialista do Inpe diz que a elevação do oceano preocupa porque as regiões costeiras costumam ter alta densidade populacional. Milhões de pessoas vivem numa faixa entre 1m e 5m da linha de costa (maré alta). Bilhões de dólares em infraestrutura estão investidos em regiões imediatamente adjacentes à costa. A maioria das megalópoles mundiais, com populações de muitos milhões de habitantes, também estão na zona costeira, lembra.Kampel aponta ainda que o nível do mar global aumentou durante o século passado e estima-se que essa elevação se acelere no século 21. "Entretanto, a magnitude do problema permanece incerta, destaca. Ainda que os impactos da elevação sejam potencialmente grandes, a aplicação e o sucesso de medidas para amenizar esses efeitos permanecem duvidosos, requerendo mais esforço de pesquisa, alerta.